30 de mai. de 2010

Especial: "Adulto", Axé chega aos 25 faturando muito

Estamos no fim de maio. Fevereiro já passou. Mas o ano é 2010. Ou seja, data mais que especial para o Axé. O gênero musical completa 25 anos de existência em 2010. E hoje é umas das principais indústria fonográficas do país.

Shows, micaretas e festas indoor, aliada a cachês milionários, que podem chegar a R$ 500 mil, garantem altos lucros ao longo de todo o ano. Os principais nomes ganham acima dos R$ 40 milhões anualmente. São os novos milionários da música brasileira.

Ivete Sangalo hoje é uma das cantoras mais bem pagas do Brasil. O cachê dela, em média de R$ 350 mil, só perde para Roberto Carlos (R$ 500 mil). A baiana cerca dez shows por mês. Esse valor triplica para festas de empresas, alcançado até R$ 1 milhão.

Por isso, com tantos artistas surgindo, com tantas transformações, a Axé Music continua sua trajetória de mudanças e promete existir por muito mais tempo. “Acredito que o Axé sempre vai se renovar. Todo ano ele lança um produto novo que invade o Brasil – este ano foi o ‘Rebolation’, do Parangolé”, explicou o produtor musical do gênero Ricardo Cavalcanti, da ABRAMUS (Associação Brasileira de Música e Artes).

Para ele, a Axé Music é o que “há de mais pop na música brasileira”, e que dela surgiram nomes de artistas conhecidos no Brasil e fora dele, como Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Asa de Águia, Daniela Mercury, Claudia Leitte, Olodum, Netinho, Jammil e Uma Noites, entre outros.

“A melhor manifestação popular do mundo. Nada tem tanta personalidade e tanto sotaque. Acho incrível”, declarou Ivete Sangalo ao Famosidades.

Praticamente um adulto, o Axé nasceu em 1985 e foi criado por Luiz Caldas, que lançou “Fricote” como a primeira canção do estilo musical. O curioso é que o Axé surgiu em uma festa baiana. Isso mesmo, a ideia do estilo musical já nasceu festejando. “Esse momento foi realmente o mais importante dos movimentos. A ideia da música nasceu de um encontro entre eu e o meu parceiro Paulinho de Camafeu e durante uma festa em Simões Filho, perto de Salvador”, contou Luiz Caldas, que assume, com muito orgulho, sua criação.

Para Caldas, o Axé não é um estilo musical, e sim uma democracia musical. E ele explica o porquê: “Cada um tem uma pegada, uma assinatura, e no final tudo acaba sendo Axé Music. Imagine, então, que ritmos seriam frutas. Quando as frutas se misturam, você terá vários sabores, mas no final tudo será um suco delicioso”.

E o Axé é mesmo uma mistura de muitos ritmos. Ele foi criado para tocar apenas no Carnaval, mas acabou se tornando música para todo o ano e para o ouvido de todos. E deu muito certo!

“A Axé Music [termo lançado pelo jornalista Hagamenon Brito] surgiu da junção da música de Trio Elétrico com a batida dos Blocos Afro-Baianos. Engloba vários ritmos, como Samba-Reggae, Ljexá, Salsa, Merengue, Galope, Samba e Pagode”, explicou o produtor musical do gênero Ricardo Cavalcanti, da ABRAMUS (Associação Brasileira de Música e Artes).

De toda essa mistura, surgiram muitos sucessos, que até hoje estão em destaque no cenário musical brasileiro. Como Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Asa de Águia, Chiclete com Banana, e muitos outros. E quem não se lembra das melodias do “É o Tchan”? Aquele de “Segura o tchan, amarra o tchan, segura o tchan, tchan, tchan, tchan, tchan” ou “Vai ralando na boquinha da garrafa, é na boca da garrafa. Sobe e desce...”. Pois é, na década de 90, o fenômeno do Axé ganhou força e fez com que adultos, e principalmente, as crianças rebolassem e comprassem o CD da música.

A maioria das melodias tinha apelo sexual, porém havia exceções. Para Luiz Caldas, a explicação para esta mudança é que o público muda e daí surge a necessidade de alteração na composição das letras. “Tenho certeza que a mudança de geração acaba transformando a forma de escrever e consequentemente a forma de falar, de agir e de compor de um povo”, disse.

E tiveram ainda mais mudanças. Atingindo o Nordeste, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, o Axé se transformou ao longo desses 25 anos. Ele passou de músicas tocadas apenas na companhia de trios elétricos, com presença forte no Carnaval, e passou a ser algo mais comercial, nos palcos. A Axé Music poder ser considerada uma grande indústria musical.

“A Axé Music formou um batalhão de músicos, bailarinos, gravadoras, editoras musicais e artistas novos que vivem de música – coisa inimaginável antes dela. Artistas que gastam, investem e vivem na Bahia”, declarou Cavalcanti. E uma dessas artistas é Ivete Sangalo, que se diz feliz com a situação, e que se transformou no “Furacão Ivete”. “Gosto disso tudo. Adoro ser popular e poder viver do que mais gosto de fazer: música!”, definiu a cantora.
 Asa de Águia 
Para o grupo Asa de Águia – que está no cenário da Axé Music desde o seu surgimento, o Axé não tem pai, e sim, pais, e por isso conquista tanta gente. “A nossa música tem uma característica de festa, e as pessoas gostam disso, principalmente o baiano que já nasce festeiro. A Axé Music tem pais de um movimento tão rico como esse e de muita dedicação como Luiz Caldas, que trouxe uma linguagem verbal que soube conquistar e bater na veia. O poder de fogo do Axé está na variedade”, disseram os integrantes do Asa de Águia, Durval, Rady, Leví e Bajara aoFamosidades.

A Axé Music não é só de conhecimento dos brasileiros. Os estrangeiros – principalmente no Carnaval – vêm ao Brasil e se esbaldam de dançar – com aquele requebrado meio “durinho”, mas tudo bem – e apreciam a melodia. “Os europeus dão muito valor ao que é música de gueto, o que eles não conhecem. Uma música específica de um lugar. A nossa música é de gueto, por isso tem tanta aceitação”, definiu o grupo de Axé.

Ivete Sangalo acredita que a personalidade do brasileiro é o principal fator para a Axé Music encantar tanta gente. “Somos um povo muito feliz e divertido. Sem falar na forte cultura que carregamos. Isso nos dá identidade”, declarou.

Ricardo Cavalcanti acredita que a Axé Music não tem pretensões políticas e nem acha “que suas letras vão fazer uma revolução no nosso povo”. Porém, ele também considera, assim como Ivete Sangalo, que é uma marca de identidade do país. “Não tenho dúvida em afirmar que o Axé é a cara do Brasil: um povo alegre, festeiro, sensual e ‘antenado’”, explicou.

E com essa aceitação, além dos brasileiros, mas também pelos gringos. A Axé Music se transformou em uma grande ferramenta de “poder financeiro”. Para Ricardo Cavalcanti, os investimentos realizados por causa do Axé é o principal fator para o gênero ter se transformado em uma grande indústria. “O Estado recebe dividendos com o turismo que a Axé Music proporciona, por mmeio do Carnaval e de micaretas fora do estado da Bahia. Nenhum gênero musical proporcionou tal condição à Bahia até hoje”, concluiu o crítico.

Mas para quem pensa que é fácil se tornar uma banda de Axé de sucesso, está enganado. A impressão que se tem é que bandas do gênero surgem a cada hora, mas o crítico Cavalcanti apontou que não é tão fácil assim ingressar no mercado. “São muitos grupos e artistas disputando um lugar ao sol e poucos conseguem chegar lá. São músicos, reconhecidos como bons profissionais que, praticamente todos, migraram para bandas de Axé, sem abrir mão de seus próprios trabalhos”, observou.
Luis Caldas
Como já dissemos, a Axé Music passou por uma série de transformações ao longo desses 25 anos, como a passagem dos trios elétricos para os palcos, entre outros. “Tudo na vida se transforma e a Axé Music também se transforma, como o rock, o samba, o funk. É necessidade da geração mais nova de querer algo dela”, disse Luiz Caldas ao Famosidades. Além disso, o criador do gênero afirmou que é como se fosse uma troca: “Cabe ao artista compor com o coração. Assim, ele vai estar inserido nesse novo contexto e para sempre”.

E, pelo visto, Ivete Sangalo ainda tem muitos e muitos aos de carreira na Axé Music. Segundo ela, hoje se tem muitas facilidades conquistadas e isso gera um conforto e conteúdo na hora de gravar. “Tudo se transforma, mesmo sem uma intenção declarada”, disse a cantora, que completou: “Usufruímos dos grandes compositores populares, da força dos blocos afros e de uma tecnologia que nos conecta com tudo e todos”.

O Famosidades questionou como os artistas definem a Axé Music de hoje. Asa de Águia, Ivete Sangalo e Luiz Caldas tiveram suas opiniões. “Ele [o Axé] se profissionalizou, sempre buscando as inovações, sem perder o brilho e a originalidade da sua essência”, afirmou o Asa de Águia.

Para Ivete, o Axé é “incrível”: “A melhor manifestação popular do mundo. Nada tem tanta personalidade e tanto sotaque”. Já Luiz Caldas, ficou orgulhoso de sua cria: “A Axé Music é uma realidade como gênero musical que me deixa muito feliz”.
 

Por Ivete Mania Club
Fonte: Famosidades

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